Mercúrio, meu cabrão: Tu que alinhaste a melena de ouro em jeito de aviso à queda, que penteaste teu cabelinho todo para trás antecipando o encontro: Não podias ter soltado pelo menos um conselho? Meu grandessíssimo filho de um deus velho, seu moleque mimado: não dava pra, sei lá, escrever recado nos anéis do vovô ou enfiar à socapa uma mensagem no mapa topográfico de Alicante? Qualquer coisa servia, M. Tu que puxaste o lustro às sandálias e às asas das tuas sandálias, que jeitaste o paletó de herói e te lavaste os pés: tu já sabias no que isso dava. Meu grande sacana, tua obrigação era subir na boca e um megafone dourado e dizer: «Cuidado rapaziada, tenham atenção a esse nó que acontece no estômago no preciso momento em que esperam por vosso amante
Matilde Campilho